Nada melhor do que a época mais quente do ano para os fungos se desenvolverem e atacarem as peles mais desprevenidas. É a comichão das micoses.
Praias e piscinas são o terreno preferido destes bichinhos subterrâneos e incómodos. Por isso, muita atenção, sobretudo com as crianças!
Doença típica do Verão, as micoses são causadas por fungos. Existem mais de 230 mil tipos de fungos, mas apenas uma centena causa micose. Praticamente todas as pessoas estão expostas, pois estes fungos proliferam um pouco por toda a parte, reproduzindo-se quando estão reunidas condições ideais que conjugam temperatura elevada e humidade. Aí desenvolvem-se e podem causar infecção.
Nestes meses quentes, transpiramos mais e estamos frequentemente em contacto com a água, o que deixa a nossa pele húmida durante mais tempo. E os fungos agradecem. Ao contrário dos vírus, como o da gripe, que no Verão pouco se manifestam já que não resistem às altas temperaturas.
Mas os fungos gostam do calor e aproveitam-se dele para atacar a pele. Se esta estiver bem enxuta funciona como um escudo protector, pois a acidez natural da pele neutraliza os fungos.
Pelo contrário, com a humidade multiplicam-se depressa, pois a pele está macia sendo fácil de penetrar por estes micro-organismos que se alimentam precisamente de um dos componentes da nossa derme - a queratina.
Outros factores que, independentemente do sol, "atraem" os fungos são a baixa imunidade do organismo, que pode ser devida a stress, doenças como a sida e a diabetes, quimioterapia e medicamentos para diminuir a rejeição de órgãos transplantados.
Conheça os sinais e proteja-se
Há dois tipos de micoses - as superficiais, em que os fungos ficam na camada externa da pele, ao redor dos pêlos ou das unhas, e as profundas, quando os fungos se disseminam através da circulação sanguínea e linfática, podendo infectar a pele e órgãos internos, como pulmões, intestinos, ossos ou sistema nervoso.
Calcula-se que 30% da população mundial tem problemas provocados por micoses superficiais, crendo-se que existe alguma predisposição genética após estudos que indicam que a susceptibilidade aos fungos é comum entre pais e filhos, não se verificando no cônjuge.
Os adultos estão mais atreitos, pois com a idade diminuem as defesas naturais do organismo. Ainda assim, com as crianças todos os cuidados são poucos até porque a areia da praia é um dos principais focos de infecção, juntamente com o piso das piscinas e dos balneários públicos.
Sendo as mais frequentes, e também as menos graves, as micoses superficiais apresentam-se sob várias formas, dependendo da parte do corpo em que se manifestam. São vulgarmente conhecidas por tinha:
Do corpo - forma lesões arredondadas, que se iniciam por um ponto vermelho que se abre em anel de bordas avermelhadas e descamativas, com o centro da lesão tendendo à cura.
Da cabeça - mais frequente em crianças, forma áreas arredondadas com falhas nos cabelos, que se apresentam cortados junto ao couro cabeludo. É muito contagiosa. Dos pés - causa descamação e comichão na planta dos pés, que sobe pelas laterais até à pele mais fina.
Interdigital - causa descamação e maceração (pele esbranquiçada e mole), fissuras e comichão entre os dedos dos pés. Frequente em quem usa calçado fechado que retém a humidade, pode também ocorrer nas mãos, devido ao uso frequente de água e sabão.
Das virilhas - forma áreas avermelhadas e descamativas com bordos bem delimitados, que se expandem para as coxas e nádegas, acompanhadas de muita comichão.
Das unhas - apresenta-se de várias formas: descolamento da borda livre da unha, espessamento, manchas brancas na superfície ou deformação da unha. Quando atinge a pele em redor da unha, causa inflamação, dor e inchaço, alterando a formação da unha, que cresce ondulada.
Qualquer que seja a sua forma, uma coisa é certa: as micoses são muito incómodas. Há tratamento, mas deve sempre ser recomendada por um dermatologista, evitando-se - aqui como noutras situações - o uso de medicamentos indicados por outras pessoas.
Cremes, loções e talcos ou medicação por via oral, o tratamento é quase sempre prolongado, estendendo-se por 30 a 60 dias, não devendo ser interrompido assim que terminarem os sintomas, pois os fungos podem resistir nas camadas mais profundas da pele.
Antes de chegar à fase da comichão, há hábitos higiénicos que, se respeitados, previnem o aparecimento das micoses.
Passam, essencialmente, por enxugar bem o corpo, não andar descalço nas piscinas e nos balneários, não usar os lava-pés de piscinas e saunas, nem usar toalhas e chinelos de outra pessoa. Na praia, muito cuidado com as crianças - evite que se sentem com o rabinho nu na areia. E tenha um Verão livre de fungos!
Pele prevenida vale por duas!
Os hábitos higiénicos são muito importantes para evitar as micoses. Previna-se seguindo os nossos conselhos:
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Seque-se muito bem após o banho, principalmente as dobras da pele como as axilas, as virilhas e os dedos dos pés.
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Evite ficar com roupas molhadas por muito tempo.
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Evite o contacto prolongado com água e sabão.
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Não use objectos pessoais (roupa, calçado, pentes, toalhas, bonés) de outras pessoas.
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Não ande descalço em pisos constantemente húmidos.
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Observe a pele e o pêlo do seu animal de estimação, consulte o veterinário se verificar qualquer alteração como descamação ou falhas no pêlo.
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Evite mexer na terra sem luvas.
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Use somente o seu material de manicure.
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Evite usar calçado fechado, optando por sandálias.
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Evite usar roupas quentes e justas, prefira roupa íntima de algodão em vez de tecidos sintéticos.
Cuidado com os "bichos da praia"!
Passear o cão na praia é um agradável momento de descontracção. Mas pode ser uma ameaça para a saúde dos veraneantes, sobretudo das crianças que adoram fazer construções e rebolar na areia.
E isto porque, quando correm pela areia atrás de um pauzinho, é também natural que os cães ali deixem as suas fezes. Misturam-se com a areia e está aberto caminho à proliferação do chamado "bicho geográfico".
Trata-se de uma doença causada por parasitas intestinais do cão e do gato. Ao defecar na areia, os ovos eliminados nas fezes transformam-se em larvas, que penetram na pele do homem.
Ao contrário do que acontece com os animais, estas larvas não conseguem aprofundar-se no corpo humano para alcançar o intestino. Assim, caminham sob a pele, formando um túnel tortuoso e avermelhado, acompanhado de muita comichão.
Mais frequente em crianças, atinge sobretudo os pés e as nádegas, precisamente as zonas do corpo mais em contacto com a areia nas brincadeiras dos mais pequenos. Evite, pois, que as crianças andem sem fraldas ou fato de banho na praia. E, sobretudo, pense duas vezes antes de levar o cão para a praia.
In Saúde Sapo