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Jul 07
Santarém
Um educador de infância diz ter sido rejeitado por mais de 20 creches de Santarém pelo facto de ser homem e enviou uma exposição do caso ao Presidente da República, ao Parlamento e ao Governo.

Maria do Céu Silva, do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, disse hoje à agência Lusa que um seu associado, que não quer dar a cara por receio de ter ainda maiores dificuldades de colocação no futuro, tentou concorrer a várias instituições pré-escolares particulares de Santarém, mas nunca passou da entrevista, o que, está convicto, se deve ao facto de ser homem.

«O sindicato repudia esta situação, ainda por cima num ano em que se celebra o Ano da Igualdade de Oportunidades», disse, afirmando que, com o seu apoio, o associado expôs a situação às mais diversas instâncias nacionais, aguardando agora uma tomada de posição.

Na exposição, o associado queixa-se de «discriminação e preconceito no acesso às instituições pré-escolares, por ser um docente homem num mundo tradicionalmente feminino».

Sem tempo suficiente para conseguir ser colocado no ensino oficial, o educador de infância concorreu a quatro instituições pré-escolares particulares de Santarém, uma experiência que diz ter sido «traumática», por os responsáveis terem sempre demonstrado «pouca abertura perante a possibilidade de contratarem um educador de infância do sexo masculino».

Lembrando a luta para a integração da mulher em profissões tradicionalmente masculinas, este educador de infância afirma que «também os homens encontram dificuldades em ver reconhecido o seu valor somente pelo facto de serem homens».

«Como chefe de família, como cidadão consciente dos respectivos direitos e deveres e como ser humano, não posso permitir que me impeçam de exercer a minha profissão só porque sou homem», afirma.

Maria do Céu Silva disse à Lusa que aguarda uma justificação das instituições denunciadas na queixa do educador, havendo, num caso, um anúncio publicado num jornal da região da abertura de concurso para «educadora de infância».

O autor da denúncia afirma que nas mais de 20 creches/jardins-de-infância privadas ou de Instituições Particulares de Solidariedade Social do distrito de Santarém apenas uma, em Alpiarça, tem nos seus quadros um educador de infância.

«É, certamente, uma inverdade quando afirmam que a nossa presença afasta os pais/mães, é falso quando referem, mesmo implicitamente, que não temos competências e é terrível, de facto, sentir na pele que, à partida estou excluído de qualquer oportunidade de trabalho na área da Educação de Infância só pelo simples facto de ser homem», afirma.

A exposição foi enviada ao Presidente da República, aos grupos parlamentares e ao Presidente da Assembleia da República (que a remeteu para a Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias), para o Provedor de Justiça (que está a analisar a queixa) e para o primeiro-ministro, que a enviou para o Ministério do Trabalho e para o Ministério da Educação, segundo Céu Silva.

Lusa/SOL

 

Mas em que mundo vivemos????

publicado por SoniaGuerreiro às 23:27
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Pessoas são incapazes fazer cócegas no próprio corpo (propositalmente) porque o cérebro prevê seus movimentos antes que eles aconteçam, excluindo a sensação de perigo e pânico que provoca as cócegas. Quando alguém nos cutuca, o corpo reage, tornando-se tenso. Já quando tocamos o próprio corpo, ele não demonstra reação. Algumas pessoas nunca o contraem pelo toque de outros e portanto não sentem cócegas. Resultados de pesquisas feitas por um grupo de cientistas da Universidade de Londres indica que o cerebelo é o responsável pelo monitoramento dos movimentos, impedindo a reação.

publicado por SoniaGuerreiro às 23:16

Não sei se já repararam, mas as marmitas e os tupperwares voltaram às empresas.

Sem que alguma vez tenham saído das fábricas.

Não se almoça, come-se qualquer coisa.

Nos supermercados dos grandes centros urbanos, há gente a pedir aparas de frango e de fiambre.

No interior do País, famílias insuspeitas recorrem aos cabazes alimentares distribuídos pelas câmaras.

Onde antes se tirava ao supérfluo hoje tira-se à comida.

Os filhos, a creche, as distâncias casa-trabalho, o empréstimo, os ordenados baixos, os aumentos inexistentes, as miragens do amanhã que tarda, não garantem a dignidade nem dão asas aos desejos.

Mas os salários de miséria convivem amiúde com expectativas de grandeza. Marcas, empresas, estrategas de marketing, bancos, governantes, artistas, modelos, futebolistas, convencem-nos de que podemos ter a vida que não conseguimos pagar.

Dizem-nos, insinuam, que podemos ter as férias do patrão. O gabinete e o bem bom.

A casa, o carro e o relógio do chefe.

Ir onde ele vai, frequentar o mesmo restaurante, o ginásio, o spa, o que tiver de ser. Ler o que ele lê para assim estarmos mais próximos da cadeira do poder.

«Se ele pode porque é que eu não posso?!», perguntamos, indignados.

Grande civilização esta que democratiza a ilusão, mas esconde o preço para sustentar a miragem.

No fundo, governos, empresas, bancos, dão-nos crédito ao sonho, mas dizem-se indisponíveis para ajudar-nos a pagar a realidade de todos os dias.

E nós vamos na conversa.

Queremos ser cada vez maiores e melhores.

Belos, giros, modernaços, actualizados, ambiciosos. Dantes, no tempo dos nossos avós, até a ambição era uma coisa feia, mal vista e frequentada. Tresandava a falta de escrúpulos. Hoje é condição obrigatória em anúncio de emprego no jornal.

Buscamos o amor e a paixão em livros de ocasião, as competências em manuais, as curas em técnicas orientais. Por vezes, no local de trabalho, dizem que somos indispensáveis. Falam de motivar equipas, libertar o génio que há em nós. Dão-nos cursos para nos tornarmos trabalhadores multi-qualquer-coisa, flexibilizar ritmos, encarar a insegurança na profissão como um desafio às nossas capacidades. Mas na mercearia, ao final do dia, ainda não aceitam elogios como pagamento.

Um dia, dizem-me alguns, ainda crédulos, isto vai estourar como uma panela de pressão.

Lamento desiludir: não vai.

Ficcionamos a vida como uma série de televisão. E gostamos de nos ver assim. Sempre à espera do próximo episódio. Do final feliz que não vem com a realidade.
A Devida Comédia
Miguel Carvalho - VISÃO
publicado por SoniaGuerreiro às 14:42

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