A ideia de que há brinquedos para meninos e para meninas está ultrapassada e reflecte um preconceito que há muito deveria ter sido eliminado.
A brincadeira e os brinquedos ocupam um lugar essencial na vida de todas as crianças e é desta forma que elas assimilam a realidade e o mundo exterior, construindo o "mundo interno".
É nesta tarefa que ganham confiança, vivem sentimentos e aprendem com os erros e os êxitos. No entanto, muitas vezes a brincadeira e especialmente a escolha dos brinquedos é toldada por preconceitos que, só quando são evidenciados, se tornam reais.
A escolha das cores ou da decoração do quarto, a preferência por este ou aquele brinquedo, levam a que muitas vezes os pais, inconscientemente, separem meninos e meninas.
O preconceito
Porque podem as meninas brincar com os carrinhos ou jogar à bola, e os meninos não podem passear um "bebé" no carrinho?
Na realidade este preconceito vem de há muito tempo, quando os homens praticamente se limitavam a trabalhar e eram as mulheres que cuidavam dos filhos, preparavam a comida, tratavam da roupa... Este conceito, transmitido de gerações em gerações, envolvia as crianças desde muito pequenas e, como cada sexo tem a tendência natural para imitar o seu semelhante, seria difícil encontrar meninos a brincarem com bonecas. Essa "tarefa" estava reservada às meninas.
Mudanças subtis
Mas o "mundo já não é o mesmo de há uns anos" e hoje em dia as mulheres têm uma vida profissional muito mais activa. Logo, os exemplos que as crianças observam e adquirem, são também diferentes.
Hoje em dia, ninguém se espanta quando se vê um pai a vestir ou a pentear o filho ou até a mudar-lhe publicamente a fralda. Cuidar de um filho tornou-se uma tarefa repartida que também os meninos observam e assimilam como sendo dos homens. Então, se o papá veste a roupinha do bebé, porque não pode ele fazer o mesmo com a boneca?
Algumas diferenças
Os homens têm tendência para serem mais práticos. Isto significa que, quando lhes é destinada, por exemplo, a tarefa de vestir a criança, se limitam a tal. Pegam numas calças, numa t-shirt, num par de ténis... e já está.
As mulheres, pelo seu lado, reparam mais nos pormenores, o que as leva a combinarem cores, a escolherem acessórios... Daí que muitas vezes se oiçam algumas reclamações ao trabalho realizado pelo papá (muito orgulhoso porque vestiu a sua menina...), por parte da mamã que tem um sentido estético mais elaborado.
Dar tempo ao tempo
Estas experiências com todos os tipos de brinquedos continuarão até à idade em que as crianças se começam a identificar com o seu sexo e começam a querer comportar-se como homens e mulheres. Sem serem obrigados a tal comportamento, os meninos são atraídos para brincadeiras mais movimentadas e de contacto físico, enquanto as meninas seguem outro caminho, com atitudes e brincadeiras mais calmas.
Esta divisão deve-se a factores naturais e característicos de cada sexo. Outro factor também bastante importante é o facto da necessidade de serem aceites em grupo, pelo que cada um brinca de acordo com as tendências do seu grupo de amigos. Os meninos jogam à bola e as meninas juntam-se em grupinhos para brincar com as suas barbies.
As crianças aprendem dia-a-dia e necessitam de experimentar para saberem se obtêm a aprovação da mamã e do papá. Como tal, cabe aos seus modelos, facilitarem-lhe todos os instrumentos para que aprendam. Antes de classificar o comportamento como "pouco próprio de um menino" ou de "uma menina", observe-os.
Certamente irá encontrar naquela brincadeira, situações e exemplos que lhe deu na vida real e que a criança transportou para o seu imaginário. A verdade é que assimilou mais um conhecimento e não é razão para preconceitos.